Diabetes

Os três principais nutrientes que formam a maioria dos alimentos são os carbohidratos, proteínas e gorduras. Os açúcares representam um dos três tipos de carbohidratos, juntamente com amido e fibras.

Há vários tipos de açúcar. Alguns açúcares são simples e outros são complexos. O açúcar de mesa (sacarose) é constituído por dois açúcares mais simples denominados glicose e frutose. O açúcar do leite (lactose) é feito com glicose e um açúcar simples chamado galactose. Os carbohidratos  em amidos, como pão, massa, arroz e alimentos similares, são cadeias longas de moléculas diferentes de açúcares simples. Sacarose, lactose, carbohidratos e outros açúcares complexos precisam ser decompostos e transformados em açúcares simples por enzimas no trato digestivo antes que o organismo os consiga absorver.

Quando o organismo absorve os açucares simples converte-os em glicose, uma fonte importante de energia para o corpo. A glicose é o açúcar que é transportado pela corrente sanguínea e absorvido pelas células. O organismo também pode fabricar glicose a partir de gorduras e proteínas. O “açúcar” no sangue significa, na realidade, glicose no sangue.

A insulina, uma hormona segregada  pelo pâncreas (um órgão que fica atrás do estômago que também produz enzimas digestivas), controla a quantidade de glicose no sangue. A glicose na corrente sanguínea estimula o pâncreas a produzir insulina. A insulina ajuda a movimentar a glicose do sangue para as células. Uma vez nas células, a glicose se converte em energia, que é imediatamente utilizada, ou é armazenada como gordura ou glicogénio até que seja necessária.

As concentrações de glicose no sangue  variam durante o dia, aumentam depois das refeições e voltam aos níveis anteriores aproximadamente duas horas depois. Quando os níveis de glicose diminuem automaticamente a insulina diminui. Os níveis de glicose no sangue oscilam geralmente entre 70 e 110 miligramas por decilitro (mg/dl) de sangue em pessoas saudáveis. Se a pessoa consumir grande quantidade de carbohidratos, os níveis podem aumentar mais. As pessoas com mais de 65 anos de idade têm níveis levemente mais elevados, sobretudo depois das refeições.

Se o organismo não produzir insulina suficiente para transportar a glicose para as células ou se as células deixarem de responder normalmente à insulina (denominada resistência à insulina), os elevados níveis de glicose no sangue resultantes e a quantidade inadequada de glicose nas células produzem juntas os sintomas e as complicações da diabetes.

Existem 2 tipos de diabetes

Diabetes tipo 1  o sistema imunitário ataca as células do pâncreas que produzem insulina e mais de 90% das mesmas são destruídas de forma permanente. O pâncreas  passa a produzir pouca ou nenhuma insulina. Apenas entre 5 e 10% de todas as pessoas com diabetes têm a doença tipo 1. A maioria das pessoas que tem diabetes tipo 1 desenvolvem a doença antes dos 30 anos de idade, embora se possa desenvolver mais tarde.

Diabetes tipo 2, o pâncreas costuma continuar a produzir insulina, às vezes até mesmo em níveis mais elevados do que o normal, especialmente no início da doença. No entanto, o organismo desenvolve resistência aos efeitos da insulina e, como resultado, a existente deixa de ser suficiente para satisfazer as necessidades do organismo. À medida que a diabetes tipo 2 avança, ocorre uma diminuição da capacidade de produção de insulina pelo pâncreas.

Nas pessoas com o diabetes tipo 1, os sintomas começam de forma brusca e drástica. Um quadro clínico sério chamado cetoacidose diabética, uma complicação em que o organismo produz ácido em excesso, pode desenvolver-se rapidamente.  Além dos sintomas habituais da diabetes como sede e micção excessivas, os sintomas iniciais da cetoacidose diabética também incluem náuseas, vómitos, fadiga e – especialmente em crianças – dor abdominal. A respiração tende a se tornar profunda e rápida enquanto o organismo tenta corrigir a acidez do sangue , Acidose,  Sem tratamento, a cetoacidose diabética pode evoluir para coma e morte, por vezes rapidamente.

A diabetes tipo 2 era rara em crianças e adolescentes, mas ultimamente tornou-se mais comum.  Geralmente começa em pessoas com mais de 30 anos e  é progressivamente mais comum com a idade. Grande percentagem de pessoas com mais de 65 anos têm diabetes tipo 2.

Causas

A obesidade é o principal factor de risco para o desenvolvimento do diabetes tipo 2 e 80 a 90% das pessoas com este distúrbio estão acima do peso ou são obesas. Como a obesidade produz resistência à insulina, as pessoas obesas necessitam de grandes quantidades de insulina para manter os níveis normais de glicose no sangue.

Certos distúrbios e medicamentos podem afectar a forma como o organismo usa a insulina e dá origem ao diabetes tipo 2.

A diabetes também pode surgir nas pessoas com produção excessiva de hormona do crescimento (acromegalia) e nas pessoas com determinados tumores que segregam hormonas. A pancreatite  e outros distúrbios que directamente lesionem o pâncreas podem levar à diabetes.

Uma alta concentração de corticosteroides devido a toma de medicamentos

Durante a gravidez (diabetes gestacional).A maioria das mulheres com diabetes gestacional  não conseguem produzir uma quantidade suficiente de insulina. A insulina ajuda a controlar o nível de açúcar (glicose) no sangue.

É necessária mais insulina durante a gestação, pois a placenta produz uma hormona que faz com que o corpo se torne resistente a ela.

Sintomas

Quando o nível de glicose no sangue fica entre 160 e 180 mg/dl, a glicose aparece na urina. Quando o nível de glicose na urina for superior os rins excretam água adicional para a diluir. O facto de os rins produzirem urina excessiva faz com que os diabéticos urinem muito e com muita frequência. O facto de se perder calorias em excesso na urina pode fazer com que as pessoas percam peso. Para compensar, a pessoa frequentemente sente fome exagerada.

Os diabéticos tipo 2 podem não apresentar sintomas durante anos ou décadas antes de ser diagnosticada. Os sintomas podem ser subtis. O aumento da micção e da sede no início é moderado, embora piorem gradualmente após várias semanas ou meses. A pessoa acaba se sentindo extremamente cansada, tendo mais probabilidade de desenvolver visão turva e podendo ficar desidratada.

Quando os níveis de glicose no sangue se tornam demasiado elevados, a pessoa pode apresentar desidratação grave, que pode dar origem a confusão mental, sonolência e convulsões, um quadro clínico denominado estado hiperglicêmico hiperosmolar. Actualmente, muitos diabéticos tipo 2 são diagnosticados por exames de glicose no sangue rotineiros antes que desenvolvam tais níveis de glicose no sangue extremamente elevados.

É importante realizar exames preventivos em pessoas com risco de apresentar diabetes tipo 2

Alguns factores de risco são

Ter mais de 45 anos de idade

Ter um quadro de pré-diabetes

Ter excesso de peso ou obesidade

Ter um estilo de vida sedentário

Ter hipertensão e/ou colesterol elevado

Ter doença cardiovascular

Ter um histórico familiar de diabetes

Ter desenvolvido diabetes durante a gravidez

Ter doença do ovário poliquistico

As pessoas que apresentam  factores de risco devem realizar exames preventivos para diabetes ao menos uma vez a cada três anos. Se os resultados dos exames estiverem no limite, os médicos realizam exames preventivos com mais frequência, pelo menos uma vez por ano.

Complicações

A diabetes danifica os vasos sanguíneos, fazendo com que os mesmos se estreitem e, portanto, restrinjam o fluxo sanguíneo. Uma vez que os vasos sanguíneos pelo corpo são afectados, as pessoas podem apresentar muitas complicações . Muitos órgãos podem ser afectados, particularmente o Cérebro, causando acidente vascular cerebral, os olhos causando retinopatia diabética que poderá levar à cegueira, o coração levando a ataques cardíacos, os rins (nefropatia diabética), causando doença renal crónica, Nervos (neuropatia diabética), causando diminuição da sensibilidade nos pés

Tratamento

Dieta, exercício e educação são os pilares do tratamento da diabetes . Perder peso é importante para pessoas que estão com excesso de peso. As pessoas que continuam a ter níveis elevados de glicose no sangue apesar de terem feito mudanças no estilo de vida ou com níveis de glicose no sangue muito elevados e as pessoas com diabetes tipo 1 (independentemente de seus níveis de glicose no sangue) também precisam de medicamentos.

Como as complicações têm menor probabilidade de se desenvolverem se os diabéticos controlarem rigorosamente os níveis de glicose no sangue, o objectivo do tratamento da diabetes é o de manter os níveis de glicose no sangue o mais próximo possível do normal.

O tratamento da hipertensão arterial e dos níveis de colesterol elevados, que também podem contribuir para problemas de circulação, pode ajudar a evitar algumas complicações da diabetes. É recomendado às pessoas com factores de risco para doença cardíaca que tomem uma dose diária de aspirina de baixa dose. Todas as pessoas com diabetes que tenham entre 40 e 75 anos de idade tomam uma estatina (medicamento que reduz os níveis de colesterol) independentemente do nível de colesterol dessa pessoa. Pessoas mais jovens com alto risco de apresentar doença cardíaca devem também tomar uma estatina.

Os diabéticos devem ter consigo identificação clínica (tal como bracelete ou etiqueta) para alertar os profissionais de saúde sobre a presença de diabetes. Essa informação permite aos profissionais de saúde iniciar um tratamento rápido que salve vidas, sobretudo em casos de lesões ou de alterações no estado mental.